quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Isso não são qualidades, hoje em dia"

Mais uma vez, o título deste texto é um dito do meu amigo David, que, por muito feias que possam parecer as coisas que diz, são verdadeiras. Estávamos a falar da minha ingenuidade e honestidade, e dos aborrecimentos para que me arrastam.
Ora o meu querido amigo, na tentativa de me elucidar e mostrar-me as causas dos meus problemas, acusou-me: "És burra. Isso não são qualidades hoje em dia."
Foram palavras duras, mas o atrito que tiveram com todos os valores acomolados e adorados ao longo de anos dentro da minha cabeça originou uma faísca, que em menos de nada cresceu e devorou com vorazes labaredas todo o conteúdo do meu cérebro que dizia respeito a moral.
A luz das chamas a consumirem as minhas ideias brilhou dentro do meu crânio cheia de esplendor, e ao fim de tantos anos, percebi: a moral é uma utopia. É o que nos ensinam quando somos pequenos para que saibamos como é que as coisas deviam ser. Porém, chega uma altura em que temos de perceber que se não fizermos tudo ao contrário, estamos, não há outra maneira de o dizer, lixados.
Para vivermos bem, é preciso que os outros vivam mal. É preciso enganá-los e roubar-lhes tudo para deixarmos de ter o mesmo que eles e termos mais que eles. E, se não formos inteligentes e rápidos o suficiente, o melhor é termos cuidado, porque senão vão fazer-nos isso a nós antes que o façamos aos outros.
Mas, mais perigoso ainda, é ser um tonto honesto, porque esses só dizem a verdade e pensam que os outros fazem o mesmo, e são, consequentemente, os mais fáceis de enganar.
Ah! Bem-vinda, Sahara, bem vinda ao mundo real, onde toda a gente engana, rouba ou trai pelo menos uma vez, sem se preocupar com o mal que poderão fazer aos outros mas pensando apenas no bem que isso lhes trará.
Bravo, David! Mais uma vez, um bom conselho.

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