terça-feira, 29 de setembro de 2009

Antes Que Me Esqueça

Antes que me esqueça, e que nenhum de nós o faça, decidi escrever a letra da música. ANTÓNIO ARROIO!!!

"Olá sou o Filipe
E quero ir p'rá NASA
Sou tão bom designer,
Que ninguém me arrasa!"

"Olá eu sou o Ivo
E toco bué guitarra!
Gosto de garinas
E venho da Ramada!"

"Olá sou a Filipa
E gosto d'ir à escola,
Sou muito aplicada,
E não esqueço a sacola"

"Olá sou o Martinho
E sou bué Multimédia!
Quando tenho uma dúvida,
vou ver à Wikipédia!"

"Olá eu sou a Xu,
Sei bué d'After Effects,
Quando vou às aulas,
Faço g'and'as fretes!"

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Amor é fogo no coração e cinzas nas mãos.

Corre, Sahara, corre!...

Era como ter uma bola de chumbo no peito, tão pesada, tão dolorosa, que seria capaz de tudo para a tirar dali.
O melhor, seria não pensar nela... Focar-me no resto do meu corpo, empurrar aquele peso para os meus membros e transformá-lo em força nos meus músculos. Cansar-me até não conseguir pensar em nada, sentir nada...

Nisto, Sahara larga a correr. O assobiar do vento abafa a recordação da voz que grita dentro da sua cabeça, o ar a sacudir o seu pêlo branco atenua o toque que ainda sente. Sabe-lhe bem ver as suas patas velozes a pisar com força o chão, que empurra com vigor para trás de si, fazendo o dorso ondular graciosamente.
O pormenor e a perfeição com que sente cada um dos seus músculos e tendões trabalhar dentro de si, contraindo e descontraindo sucessivamente, distraem-na, satisfazem-na.
Porém, não sente as asas: leva-as dormentes, penduradas no dorso.
"Corre, Sahara, corre!" pensa "Corre e enlouquece, por saberes que mais que isso não podes!".

"Corre, Sahara, e enlouquece!" torna a pensar, antes de rosnar baixinho e soltar um latido enraivecido:

-CORRE, PORQUE VOAR NÃO PODES MAIS!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Amor: uma questão de perspectiva

Aah... Amor! É uma sensação maravilhosa, que Luís Vaz de Camões descreveu assim:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

O meu humilde amigo David preferiu um vocabulário bem mais rudimentar, explicando tudo de uma maneira que toda a gente entende:

"O amor não passa de ligações quimicas no cérebro que nos "drogam" da forma natural, e que há-de ser uma parte da vida do ser humano até irmos todos com os porcos quando o Sol explodir. Se há quem tenha a sorte de encontrar um parceiro que lhe proporcione uma dose de "droga" ao longo de muitos anos e preferir chamar-lhe "Amor", por mim, tudo bem."

Se querem a minha opinião, o David foi muito mais explicito e realista que o Camões, tendo sido por isso mais bem sucedido na sua tentativa de explicar e definir o amor.

Arroianos


Arroianos! Camaradas!

Sinto-me, fancamente, traída: tinham-me dito que muitos de nós continuavam os seus estudos na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, e eis que agora aqui chego, e me acho só!
Tenho tido muitas saudades vossas. Descobri, ao voltar à escola, que mesmo sabendo que isso não seria possivel (porque decidiram todos que a faculdade das Caldas da Rainha era fantástica), esperava tornar a encontrar-vos todos aqui.
Bem sei que me afeiçoei a poucos de vós... Porém, quando estávamos todos juntos, apesar das brincadeiras sem a menor graça, do vosso gosto pela bebida e droga que sempre condenei, para além de um gozo especial em arrotar e dar puns, vocês exalavam uma alegria e união constantes, cuja falta tenho sentido.
Ainda não me atrevi a passar pelo que resta da nossa António Arroio: provávelmente, um monte de pedras e ferros, são estes os restos de um lugar onde tanta coisa aconteceu, e que sempre havemos de recordar.
Agora, já não vai haver nenhum "Amo-te", escrito sobre a entrada, e no lugar dos extensos corredores e salas estarão enormes contentores...
Nem a nossa turma, nem a nossa escola hão-de voltar.
Lamento nunca vos ter conseguido dizer isto... e lamento ainda mais que a maioria de vocês estivesse demasiado ocupado e/ou desinteressado para me ouvir.

Catarina, Pi, Zeldrak, Andreia, Bá, Bia, David, Lipe, Chico, Ibo the man, Ju, Liro, Marishka, Martinho, Mike, Natalya, Mana, PP, Rosa, Fialho, Tiaguinho!!

Aqui escrevo o nome de todos para nunca me esquecer!

ANTÓNIO ARROIO!!!!

PS: Eis um desenho da minha turma, feito pelo Zeldrak (André, neste neste desenho) durante uma aula particularmente aborrecida... Se quiserem ver mais trabalhos dele:

http://zeldrak.deviantart.com/

sábado, 19 de setembro de 2009

Moribumdo

Há dentro de mim um animal doente, mais morto que vivo, que passa os dias que lhe restam adormecido, despertando num repente quando menos espero.
Apesar de muito maltratado e estraçalhado, o pobre bicho lá se levanta de vez em quando, erguendo-se lentamente sobre as quatro patas oscilantes, para depois se afastar manco ao mesmo tempo que rosna a quem o persegue, com os beiços bem recuados sobre os dentes.
Cada vez mais magoado, o animal arrasta-se para os cantos mais escuros que descobre, em busca de um esconderijo onde se possa achar só, mas seguro.
Às vezes, penso que já se entranhou tão profundamente nas trevas que ou já lá se perdeu e para sempre o hei-de recordar com uma certa nostalgia, sem saber se continua vivo ou não, ou se já morreu mesmo, encolhido algures onde eu não o possa ver.
Porém, quando menos espero, ele surge correndo ligeiro, com o focinho e a cauda levantados, as patas possantes, ignorando as dores das lutas passadas, ao chamamento de um sonho ou de uma expressão determinante e fatalista como "nunca mais" que ponha em risco as suas esperanças.
Rosna e late, furioso, defendendo com vontade e dedicação as coisas que toma como suas e não o são, antes de tornar a afastar-se, com feridas ainda mais profundas, rumo a escuridão. Até hoje, foi sempre derrotado.
As feridas não saram, e o pobre bicho tem o pêlo branco sempre sujo de sangue fresco, que há muito desistiu de lamber. A minha esperança, é que morra antes de ficar completamente mutilado, para não ter de passar por horrores piores.
Mas algo me diz que este animal persistente nunca há-de morrer: recusa-se a abandonar o seu propósito. Porém, poderá resignar-se a procurar os seus objectivos num outro lugar, onde seja mais bem sucedido.
Talvez fique tão cansado e dorido que adormeça ou desmaie, e as suas feridas sarem durante o sono.
Creio, infelizmente, que quando tornar a abrir os olhos, terá o corpo repleto de cicatrizes a recordar-lhe o martírio, e nunca mais recuperará a beleza de outrora.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Isso não são qualidades, hoje em dia"

Mais uma vez, o título deste texto é um dito do meu amigo David, que, por muito feias que possam parecer as coisas que diz, são verdadeiras. Estávamos a falar da minha ingenuidade e honestidade, e dos aborrecimentos para que me arrastam.
Ora o meu querido amigo, na tentativa de me elucidar e mostrar-me as causas dos meus problemas, acusou-me: "És burra. Isso não são qualidades hoje em dia."
Foram palavras duras, mas o atrito que tiveram com todos os valores acomolados e adorados ao longo de anos dentro da minha cabeça originou uma faísca, que em menos de nada cresceu e devorou com vorazes labaredas todo o conteúdo do meu cérebro que dizia respeito a moral.
A luz das chamas a consumirem as minhas ideias brilhou dentro do meu crânio cheia de esplendor, e ao fim de tantos anos, percebi: a moral é uma utopia. É o que nos ensinam quando somos pequenos para que saibamos como é que as coisas deviam ser. Porém, chega uma altura em que temos de perceber que se não fizermos tudo ao contrário, estamos, não há outra maneira de o dizer, lixados.
Para vivermos bem, é preciso que os outros vivam mal. É preciso enganá-los e roubar-lhes tudo para deixarmos de ter o mesmo que eles e termos mais que eles. E, se não formos inteligentes e rápidos o suficiente, o melhor é termos cuidado, porque senão vão fazer-nos isso a nós antes que o façamos aos outros.
Mas, mais perigoso ainda, é ser um tonto honesto, porque esses só dizem a verdade e pensam que os outros fazem o mesmo, e são, consequentemente, os mais fáceis de enganar.
Ah! Bem-vinda, Sahara, bem vinda ao mundo real, onde toda a gente engana, rouba ou trai pelo menos uma vez, sem se preocupar com o mal que poderão fazer aos outros mas pensando apenas no bem que isso lhes trará.
Bravo, David! Mais uma vez, um bom conselho.