José Saramago morreu.
Que estranho... É uma sensação semelhante à que tive quando ouvi nas noticias que Michael Jackson tinha morrido: parece impossível. Pessoas dessas não morrem.
Os amigos e a família decerto ficaram desolados, e os inimigos, que não lhe faltavam, devem ter suspirado de alívio ou até rido. Acalmem os ânimos, que dentro de muito ou pouco tempo, pode ser que tenham de se encontrar com ele, e a partir daí é para sempre. Os restantes, ficaram apreensivos uns, satisfeitos outros.
As livrarias expuseram a obra de Saramago nas montras e dentro de algum tempo os livros hão-de ser vendidos por mais alguns euros juntamente com jornais ou em fascículos.
Vivo, nunca deixou que se esquecessem dele, e agora que está morto, a sua obra, o programa de Língua Portuguesa por que se regem as escolas, e uma série de outras coisas, hão-de certificar-se de que continuaremos a lembrá-lo.
Não tenho muito a dizer dele como pessoa. Gosto muito da sua honestidade. Há quem diga que ele provocava, como uma criança, para depois ver o que acontecia, mas a mim parece-me que não era homem para isso: não precisava disso. Escrevia o que pensava, e pronto, o que os outros achavam do assunto não lhe interessava.
Quanto há sua obra, o que mais admiro são os temas, e a maneira como são tratados: a cabeça de José Saramago, parece-me, funcionava como um simulacro. "E se toda a gente ficasse cega?...", "E se a Península Ibérica se separasse do resto da Europa?...".
O seu estilo, também é de louvar, não é qualquer um que escreve como ele. Porém, é o mais fiel à fala e ao pensamento: sem pontuação, e cheio de divagações. Muitas vezes, é o desenvolvimento de uma reflexão...
Não tenho muito mais a dizer dele. Só posso dizer o que muita gente diz: que é uma pena, e que Portugal perdeu um grande escritor...
Oxalá alguns se tivessem dado conta antes.
adorei ler este texto, carolina
ResponderEliminarmuito bom