terça-feira, 2 de setembro de 2014

Fernando Pessoa aqui em Bruxelas



Não posso deixar de me perguntar: será que, independentemente dos meus esforços, nada poderá afastar-me deste meu “talento” (apesar de ao longo destes ultimos anos o ter menosprezado)? Mais cedo ou mais tarde, ele revelar-se-á talvez como aquilo a que muitos chamam “destino”.
Eu não acredito nessas parvoíces. Nas nossas vidas escrita nas estrelas, na vontade de Deus... Todas essas lenga-lengas não passam de tretas. Mas sei que há coisas que não podemos controlar, e de que não nos podemos separar, ainda que o queiramos.  
É, por exemplo, o caso disto. Faz parte de mim como a minha própria carne. Tão natural como o bater do meu coração, e por vezes é tão urgente que fazê-lo alivia-me como respirar após uma crise de asma.
Muitos antes de mim se lançaram nesta aventura. Ignoro o fim das suas histórias. No meu caso, para o melhor e para o pior, sou obrigada a admitir: pouco importa a que velocidade se corra, nem para quão longe se fuja. É impossível fugir de si próprio.
E no final de contas – seria isso que eu realmente queria? Melhor que escapar às minhas recordações, à minha personalidade – não é infinitamente mais agradável, ao fim da extenuante viagem, descobrir sobre a própria cabeça a grinalda de hera?

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