Abençoado o trabalho, que nos vale o nosso dinheiro. E abençoado o dinheiro, que compra o nosso pão. E abençoado o pão, que mantém vivos os nossos corpos.
Maldito o trabalho que consome dia após dia os preciosos dias da nossa vida! E maldito o dinheiro, que nunca chega para mais do que o suficiente! E maldito o pão, que nos permite sobreviver sem que nunca saibamos se um dia iremos ou não viver!
Porque hão-de o esforço e o sacrificio ser tão valorizados? Porque havemos de sentir gratidão e não ambição quando damos tanto e recebemos tão pouco? Porque havemos de nos saciar com comida quando temos fome de outras coisas?!
Sinto profundamente a falta de uma vida mais simples: aquela em que matávamos para comer e bebíamos porque tinhamos sede. Uma vida orientada pelas nossas necessidades e sentimentos, uma vida em que soubéssemos para que estávamos a lutar e que no fim do dia fizesse sentido.
Uma vida com tempo...
Tempo.
Não tenho tempo para nada. Nunca chego a trabalhar tanto quanto devia, mas também não descanso tanto quanto preciso...
Mas não passa de uma utopia, eu sei, eu sei... Não existe em lugar algum semelhante paraíso.
Resta-nos imaginá-lo.
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