sábado, 14 de novembro de 2009

Os alunos são uma das melhores fontes de exploração de sempre

Realiza-se, anualmente, um ciclo de conferências na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Este ano, os convidados a conferenciar rejubilaram ao ver o auditório cheio, e confessaram que, nos anos anteriores, quase ninguém viera assistir as suas conferências.
Pergunto-me se saberão que este ano um dos professores da faculdade encarregou os seus alunos escreverem meticulosos relatórios sobre as conferencias...
O meu professor.
Assim, eu e os meus colegas abdicámos na nossa única tarde livre, para, desde as quatro às seis horas apontarmos nos nossos cadernos tudo quanto conseguíssemos sobre cada uma das conferências.
Foi um desafio difícil: recebemos entre os convidados dois espanhóis, que conferenciaram na sua língua materna; um francês que com muito esforço conferenciou em inglês; duas senhoras que se sentaram diante da secretaria e, sem aproximar a boca do microfone ou levantar os olhos do papel, começaram a ler; e muitos outros...
Muitos de nós desistiram e tiveram de abandonar a sala, outros sucumbiram ao sono e adormeceram nas cadeiras almofadadas, mas rijas, do auditório.
Tanto esforço, para, numa das últimas conferências, o meu professor anunciar a edição do livro de atas das conferências.
Suponho que, tal como as conferências este ano foram um estrondoso sucesso, o livro há-de ser um best-seller.

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